Tropecei no Inverno, levantei-me no meio da Primavera para refazer utopias, num estado que tece sonhadores, poetas e filósofos, abandonei a inexpressão de sentimentos e arquitectei do avesso esboços de pegadas de sapato raso nº38.
A verdade assustou-se por trás do lado avesso mas nas vinhas do meu sentir, a verdade não me fez falta, o meu desejo utópico, ainda que plástico, deixou-me espraiar letras numa folha onde ondulavam estados cifrados por sépalas e sépalas que formavam o cálice com que brindava as minhas viagens.
Queria ser ditadora, não como Stalin, mas poder ditar em pleno, as normas da minha vida, cultivar flores e ao mesmo tempo explodir de poder, de poder ser, de poder ir, de poder sentir, de poder dizer, de poder querer e crer.
No meu ensaio contra a dúvida, eu enfrentei-a com um jardim na mão, onde pude colocar todas as espécies que me assaltavam, questionavam e faziam herdeira do pelourinho que afinal ninguém viu nem registou.
Plantei nenúfares, evitei ruídos e suspendi alarmes com a visão de uma águia peregrina. Voei num círculo tracejado a mil cores, em cima de erupções de beleza a queimarem-me a asa.
Viajei, viajei ferida, mas mesmo assim, encantada!
Bela letra de um fado...
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