quinta-feira, 7 de maio de 2009

Conchinha

Olho em volta e consumo analogias. Numa tarde que se previa demorada, o vento desta praia extasiada, já não corre rasteiro, a sua força elevou-se, recortando o ar onde há dias pousaram lágrimas do céu. Embalada pelo sol de Maio, vejo-te chegar à praia. Respiro lentamente a pressa de um ar que se quer soltar. Olhos que jamais vi brilhar igual, num castanho mel de colmeia desigual, de pele morena mas a pedir por mais sol, virado para mim, cruzando comigo o teu olhar distante mas real.
Na areia da praia onde estavamos deitados a escassos centímetros um do outro, os olhares meios adormecidos, meios encantados, mas vividos captam o que vai para além do simples espalhar na areia. Apetece-me escrever sobre isto porque...sim! Mesmo que as palavras não se soltem, o poema esta a escrever-se com luxo numa folha oleada.

Tudo o que estava dentro de mim, viaja para longe ao ouvir a tua voz madura, audível, segura. Sei que vai passar por mim este dia de praia mas ficou o registo de uma companhia que por coincidência truxe um livro mas não foi por coincidência que me fez escrever uma história improvável.

Já ouvi o eco do "ola" mudo com que te saudei, já chamei gaivotas sem asas para mergulharem no teu charme, confirmei que o mar pode ser azul, que a mão que não enchi pode ficar cheia e o sorriso que ainda não perdi pode vir a soltar-se. Invadida pela exaltação da espera enfiei o caderno no saco, o meu cabelo tomado pelo vento não impediu que te fitasse novamente ate quereres entrar no meu pensar, nao sabendo que já la estavas tu.

Foste embora e deixaste-me no areal deserto, abandonada na espera do amanha.Mas antes disso, dei-te um "ola", soube o teu nome, olhamos os dois para as gaivotas barulhentas, ouvimos o mar de cor azul, afastamos as mãos e o meu sorriso soltou-se para ti. Terminou o dia sem um defeito, obrigada pela conchinha!

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